quarta-feira, 27 de maio de 2020

Respeitem meus cabelos, brancos: música, política e identidade negra (Foi também indicado "Encontro" é uma ação- indicação de algo que te faz bem, ou pode fazer bem a outra pessoa, principalmente nesse período de pandemia. Tendo em vista meu Vínculo com o IFRS - Campus Porto Alegre: * Como (estudante do campus).

Radiola PW: Respeitem meus cabelos, brancos por: (Raulino Júnior)

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Oi, pessoal! Tudo bem? Dentro de nossa programação do Novembro Negrovamos falar deaspectos da arte e da cultura que dialogam com nossa identidade negra. Como novidade, estamos estreando a seção Radiola PW, em que analisaremos letras de músicas que trazem temáticas e assuntos interessantes. Hoje, vamos destacar uma canção que foi composta pelo cantor paraibano Chico CésarA música Respeitem meus cabelos, brancos foi lançada no álbum homônimo, em 2002. Nela, Chico entoa um grito de liberdade e de respeito aos vários povos negros. Confira a letra:

Respeitem meus cabelos, brancos

(Chico César)

Respeitem meus cabelos, brancos

Chegou a hora de falar

Vamos ser francos

Pois quando um preto fala

O branco cala ou deixa a sala

Com veludo nos tamancos

 Cabelo veio da África

Junto com meus santos

Benguelas, zulus, gêges

Rebolos, bundos, bantos

Batuques, toques, mandingas

Danças, tranças, cantos

Respeitem meus cabelos, brancos

Se eu quero pixaim, deixa

Se eu quero enrolar, deixa

Se eu quero colorir, deixa

Se eu quero assanhar, deixa

Deixa, deixa a madeixa balançar

Na primeira estrofe, o compositor traz uma mensagem direta e enfática: ele pede o respeito dos “brancos” e exige sinceridade para lidar com as questões acerca das características físicas de parte do povo negro. Nesse sentido, faz um interessante jogo de palavra com os vocábulos “brancos” e “francos”. Mas, como o termo “cabelos” atua também como metonímia, essa referência ao fenótipo negro é o que está evidente, na superfície. Na verdade, Chico chama a atenção para que o debate em torno das dificuldades que @s negr@s enfrentam no cotidiano, em pleno século XXI, não deixe de ser feito. Ninguém deve se esquivar e deixar a sala “com veludo nos tamancos”. O respeito exigido na música é em relação a todos os aspectos da negritude.

Em artigo publicado no primeiro semestre de 2012, na Revista Famecos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), intitulado Respeitem meus cabelos, brancos: música, política e identidade negra, em que fazem uma análise da música de Chico César, Felipe Trotta e Kywza dos Santos afirmam que o discurso de Chico “dirige-se contra uma posição social. Não são exatamente pessoas concretas, mas papéis condensados em atitudes racistas e faltas de respeito” (p. 243). Ou seja, a mensagem que Chico quer passar vai muito mais além daquilo que está escrito.

Num texto publicado no seu site oficial, ao falar da canção, Chico declara: “Quando digo ‘respeitem meus cabelos, brancos’ não falo só de mim nem quero dizer só isso. Debaixo dos cabelos, o homem como metáfora. A raça. A geração. A pessoa e suas ideias. A luta para manter-se de pé e mantê-las, as ideias, flecheiras. É como se alguém dissesse ‘respeitem minha particularidade’. É o que eu digo, como artista brasileiro, nordestino, descendente de negros e índios. E brancos. Ou ainda no plural: minhas particularidades mutantes. Fala-se em tolerância. Pois não é disso que se trata. Trata-se de respeito”.

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Já nas 2ª e 3ª estrofes da música, Chico César justifica o seu grito remetendo aos povos que estão na origem de tod@s @s negr@s. O autor fala de grupos étnicos oriundos da África e enfatiza que o cabelo veio desse continente. Nas entrelinhas, é como se Chico alertasse que as características dele e das etnias das quais descende devem ser respeitadas, pois são motivo de orgulho entre os seus.

Por último, Chico enumera as diversas formas de cabelo que uma pessoa pode assumir e clama pela liberdade dessa ação: “Deixa a madeixa balançar”. Na versão em áudio da música, ao pedir para que a sociedade deixe cada um se expressar à sua maneira, o intérprete acrescenta a pergunta: “Fui claro?”. Não precisa dizer mais nada, não é? Quem é Chico César

Francisco César Gonçalves, o Chico César, nasceu em Catolé da Rocha, interior da Paraíba. É formado em jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba e exerceu a profissão até 1991, quando decidiu se dedicar somente à música. Com 49 anos de idade e 22 de carreira, Chico César é um dos artistas mais aplaudidos da Música Popular Brasileira. Autor de canções como “Mama África”, “À primeira vista”, “Pensar em você” e “Pétala por pétala”, o cantor se reinventa a cada trabalho que faz. Além da música, passeia pela literatura também. Já escreveu dois livros: “Cantáteis (Cantos Elegíacos de Amozade”, de 2005; e “rio sou francisco” (assim mesmo, com minúsculas!), de 2012. Atualmente, é Secretário de Estado da Cultura da Paraíba.Ainda: Respeitem meus cabelos, brancos: música, política e identidade negra,

Felipe da Costa Trotta, Kywza J. F. P. dos Santos

Resumo:

A música popular é um artefato midiático através do qual são negociados socialmente pensamentos, valores, ações e estratégias de identidade individual e coletiva. Neste artigo, analisaremos as nuances discursivas que integram a canção Respeitem meus cabelos, brancos, de Chico César. Parte-se da hipótese de que por trás de um discurso militante e acusatório revelam-se diversas ambiguidades discursivas que integram a posição do autor sobre identidade negra. Os debates atuais sobre racismo acionam um posicionamento dicotômico (brancos x negros), presente na letra, mas relativizado pela ironia do uso não ortodoxo do reggae, pela ambiguidade da capa do CD, pela indefinição tonal e pelo criativo uso da vírgula, que condensa toda uma gama de deslocamentos interpretativos, contribuindo densa e criticamente para o pensamento atual sobre negritude no Brasil.

Palavras-chave

Música popular; identidade negra; Chico César

Referências

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ISSN-L: 1415-0549 | e-ISSN: 1980-3729

Fontes nos link a seguir...

http://blog.pat.educacao.ba.gov.br/2013/11/radiola-pw-respeitem-meus-cabelos-brancos/?fbclid=IwAR3NstsmXwntsVTn5_xQ-kZ3Xznhi3puL70_hdmgFjDVuH7da0qptu7NISc

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/11350

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Imaginando e refletindo agora sobre o isolamento #ficaemcasa durantes esta quarentena de 2020 devido ao Coronavírus-Covid-19 e a: Solidão Existencial que cada Escritor(a) ou Poetisas e Poetas estão passando sem precedentes neste Século XXI... :( Mas todos devemos atender ao solicitado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) que é para todos #ficarememcasa

Na Foto: Após os autógrafos da Coletânea de Literatura: 'Na 64ª Feira do Livro em 10 de novembro de 2018 às 17: 30 horas e no Memorial do RS🇧🇷️👏😃🤔👀🤵😂 - Autógrafos eu em uma de minhas Poesias "Noite Fria" e outros Poetas e Poetisas também... — em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

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